domingo, janeiro 17, 2010

Livros novos : Liberalismo

Catherine Audard " agregé" de filosofia na London School of Economics autora de várias obras sobre utilitarismo e tradutora de Rawls para françês publicou uma excelente súmula sobre o liberalismo. De Hobbes, Smith e Montesquieu entres os antigos até aos modernos Hayek, Rawls e Sen tudo é visto e revisto , passado ao pormenor em texto acessível em formato de bolso( 850 páginas mas como se fossem 300) . Excelente e muito actual apresentação ainda que Audard entenda que tudo ou quase tudo é liberalismo ( mesmo quando fala de empedernidos republicanos...). Catherine Audard, Qu´est-ce que le libéralisme ? Éthique, politique , societé, Folio Essais, Paris, 2009, 843 pp

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sábado, janeiro 16, 2010

Novas BDs: Marilyn

Christian de Metter, é um dos melhores desenhadores da nova geração da BD franco-belga. Em 2004 já havia sido reconhecido no Festival de Angoulême, pela densidade e complexidade dos argumentos e pela qualidade do desenho. Após adaptar um thriller de Dennis Lehane no multipremiado albúm " Shutter Island" publica agora " Marylin", na Casterman. Um retrato intimista na fronteira entre a ficção e a realidade. A Marylin que todos conhecemos encontra um jovem escritor com o qual estabelece uma relação de amizade numa noite de Inverno. Saem de Nova Iorque e acabam por , perdidos, encontrar uma estranha habitação e uma ainda mais estranha família. Uma boa intriga servida por um desenho realista ( colorido a aguarela) de grande sensibilidade e beleza. Christian de Metter, De L´Autre Côté du Mirroir, Casterman, Paris, 2009

Novas BDs: Flood !

"Flood !" é um romance gráfico de Eric Drooker, desenhador nova iorquino nascido em 1958 mais conhecido pelas suas caricaturas políticas no New Yorker e no New York Times. Trata-se de um relato onírico de uma cidade- Nova York- escura e chuvosa cheia de gente solitária e desesperada. Um retrato político a preto e branco ( algumas das páginas a azul, preto e branco) em estilo expressionista onde as imagens pela força do desenho e dos claros/ escuros, prescindem de diálogos ou legendas . Editions Tanibis, Lyon, 2009.

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terça-feira, janeiro 12, 2010

Hannah e Martin

A complexa relação amorosa entre Hannah Arendt e Martin Heidegger está no centro da peça " Hanna e Martin" em representação no Teatro Aberto. A vida de dois dos mais extraordinários filósofos do sec. XX encaixada nas vidas do mesmo século, transborda de interesse. O espectáculo e a sua encenação são originais . O recurso ao video que grava e projecta as imagens do que estamos a ver em palco de perspectivas diferentes resulta num modo diferente de ver teatro. A mesma cena surge retratada de difentes angulos ao mesmo tempo , temos liberdade para escolher a perspectiva, vemos tv e vemos teatro. Olhamos para dentro da casa através da câmara como se estivéssemos a devassar a privacidade . A interpretação é irregular. No dia em que assisti - pós Natal - parecia que as azevias e as filhóses pesavam demais nas cabeças e nos ventres dos actores. Mas a peça vale também pela riqueza dos diálogos e pela ideia com que ficamos - posto que a realidade e ficção estão quase sobrepostas- da complexa natureza humana. Dois dos seguramente mais inteligentes seres que passaram ao de cimo da Terra, cometem os mesmos erros que os comuns mortais e afundam-se em incoerências que a razão vê mas o coração não domina ( e nós a pensarmos que eles eram Deuses). Um bom pretexto para ler " A Condição Humana" de Arendt e o " Ser e o Nada" de Heidegger.