Vozes de burro
Li , ou alguém me contou, haver quem sustente que o resultado do referendo se traduziu em 80% de opiniões contrárias à despenalização da IVG. Somadas os votos " não" , às abstenções , que também traduziriam " nãos", assim teríamos a vontade dos portugueses. Quem assim fala ( e pensa ?) ou é parvo ou não sabe as regras da democracia. Aliás a confusão ( deliberada) começou logo com a natureza deliberativa do referendo . O referendo só vincula se tiver participação superior a 50 % dos eleitores. Vincula significa " obriga". E se ele obriga com participação de 50% isso significa que os "sins" podem ser sempre inferiores ( e muito) à soma dos nãos com as abstenções. E não deixa por isso de vincular. Ou seja de obrigar a Assembleia da República a legislar. A lógica das referidas vozes é a mesma que pretende descredibilizar a democracia dizendo que ela não é o governo da maioria. Pois não: às vezes é o Governo da minoria. Só que a democracia é muito , muito mais que isso : é também a possibilidade dada a todos de votarem livre e conscientemente sobre o seu futuro. Voto livre , pois. Porque o voto obrigatório cala as "vozes de burro", mas, por essa via, a democracia não chega ao céu...
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