sábado, junho 10, 2006

Julieta Monginho

Uma prosa difícil. Lemos umas páginas. Paramos. Relemos o capítulo. As personagens fogem mas regressam mais à frente. Discurso directo umas linhas, indirecto adiante. Pode até confundir.Às tantas não é tanto a efabulação que conta. O romance já não é romance . É mais o retrato psicológico. Mas a escrita é poderosa, densa, única . E pode uma mulher escrever pelos olhos de um homem ? Pode e com grande encantamento . Um exemplo : " Neste diálogo os olhares se encontraram .O olhar que era dela o olhar que não era meu. E os olhos ficaram. Negros, lisos. Ficaram nos meus olhos.Sim foram os olhos que falavam com a serenidade do orgulho, húmidos de fé nas palavras que traziam dois olhares ao mesmo olhar. Não o decote, apesar do que escondia, não as coxas que mal podia adivinhar sob o vestido solto, um tudo nada acima dos joelhos.Foram os olhos que me deram vontade de a sentar ao colo e de ficar com ela a vida toda . Regressar com ela através do corpo dela, anel comovido que por dentro me enlaçava, à plenitude inicial.Eu encontrei ao mulher da minha vida." ( p. 55 , A Construção da Noite). E já agora : Julieta Monginho é de um grande curso jurídico, o meu, na FDL , de 1976-81, que faz agora bodas de prata ( tanto tempo , meu Deus ...)

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