Sophia e a Grécia
"Vim de Brindisi a Patras ; mar azul , céu azul, ilhas azuis, golfinhos ao longo do navio. Entre Patras e Corinto, ao longo das montanhas e do mar, no mar perfumado de fruta e resina entre oliveiras e loureiros a mais bela paisagem que já vi. Depois foi a solenidade indizível da Acrópole, grandeza esmagadora quando lá fui pela primeira vez sozinha no sol do meio-dia e pensando nos meus amigos distantes e presentes" (Carta de Sophia a Jorge de Sena , 14/9/63)
" Não tento descrever-lhe a Grécia nem tento dizer-lhe o que foi ali a minha felicidade total. Foi como se eu me despedisse de todos os meus desencontros, todas as minhas feridas e acordasse no primeiro dia da criação num lugar desde sempre pressentido. (...) Sob o sol a pique, numa claridade azul indescritível o ar é tao leve que nos torna alados e o menor som se recorta com inteira nitidez. As enormes e constantes montanhas povoam tudo de solenidade. Cheira a resina e a mel e há uma embriagez austera e lúcida(...) Gostaria de lhe contar tudo o que vi, desde o sabor espantoso do vinho com resina que me entonteceu logo na primeira noite da minha chegada até a água gelada que bebi num dia de calor intenso nas montanhas de Delfos. Mas sinto que só sei falar mal disto tudo.
Aqui minha fala se quebra como a quem
Viu em sua frente um deus visível
E vai sem imaginação, perdidas as palavras
No real indicível"
"(...) Será possível que eu lá volte? Assim espero . E de todo o coração desejo que voçê um dia lá possa ir. Pois o que ali há além de tudo o mais, é uma intensa felicidade de existir que nos lava de tantas feridas" ( carta de Sophia a Jorge de Sena , Maio de 1964)
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