segunda-feira, outubro 05, 2009

Ler os livros até ao fim...a propósito de Bolano

Alguém diz que adora os livros do Ballard, embora não tenha conseguido ler nenhum até ao fim ( não percebe porquê...e eu também não ). Mas já leu várias vezes os mesmos livros até metade... As mesmas metades imagino. Outro interroga-se como é possível alguns críticos literários lerem todas as semanas livros de mil páginas. Diz que levou não sei o quê para férias e não passou da pag. 419 do mesmo livro. Eu ando a ler o "2666" do Bolano ( ou melhor começei ontem à tarde) e cheguei agora ao fim do primeiro capítulo ( 190 páginas, não é mau...). Até chegar ao fim faltam perto de 1000 páginas . Lemos sempre e paramos pouco porque tudo rola em torno de várias personagens onde, a uma velocidade estonteante , acontecem coisas atrás de coisas . Não há verdadeiramente uma história ( espero não ter de me desdizer quando acabar o 2666). Há uma corrida ofegante contra o tempo de várias personagens , que nós seguimos avidamente sem nos cansarmos. Nem adianta muito voltar a atráz para retomar o fio à meada. Depois há um mistério ( verdadeiro, falso, aparente ?) que de dez em dez páginas se mantêm e se adensa ( aqui lembra um pouco o Murakami, com menos " magia "). Se vem da cabeça do escritor ou daquilo que ele viveu ( e parece que viveu muito em poucos anos de vida) a verdade é que a imaginação é transbordante . E depois o estilo ( ou melhores os estilos, porque vão variando) é cativante : aqui simples e linear, ali complexo e circulante , quase sempre recheado de filosofia, literatura e lugares incomuns.

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